TESTEMUNHA QUE DELATOU PLANO CONTRA MORO ESTÁ DESPROTEGIDA E TEME MORRER
Caderno de anotações indica veículos e fuzis que seriam usados no atentado contra Sergio Moro, diz PF.
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Até na Bolívia integrantes foragidos do PCC (Primeiro Comando da Capital) sabem quem é a testemunha desprotegida que no mês passado delatou ao MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) um plano de atentado contra o ex-juiz e senador Sergio Moro (União Brasil-PR). A coluna apurou que a testemunha, chamada de protegida pelas forças policiais, na realidade não tem proteção nenhuma, chegou inclusive a ser exposta e está com muito medo de ser assassinada pelo "tribunal do crime" do PCC. A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar a denúncia de ataque contra Moro após receber do Gaeco de Presidente Prudente (SP), subordinado ao MP-SP, um ofício com as delações feitas pela testemunha. O delator revelou nomes e números de telefones dos envolvidos no planejamento do ataque e acrescentou que bem antes de contar tudo ao Gaeco já era ameaçado de morte por um deles, que pertenceria ao PCC e seria o chefe da célula da facção responsável pela organização da ação terrorista. Esse chefe do PCC acusado pelo delator foi detido pela Polícia Federal, assim como outros oito suspeitos, está com prisão preventiva decretada. Segundo investigações, ele sabe tudo sobre a testemunha e foi encarregado pela facção criminosa de matá-la por causa de uma possível delação anterior. Uma fonte disse que a testemunha corre risco iminente de ser assassinada porque foi exposta quando estava reunida com agentes públicos. Além disso, trechos da delação dela e a informação de que teria pertencido ao PCC foram relatados à imprensa e divulgados. Foram enviadas mensagens ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, ao MP-SP e Provita (Programa Estadual de Proteção às Vítimas e Testemunhas) indagando se ao delator foi concedida alguma medida protetiva. O Ministério da Justiça orientou a reportagem a procurar o Ministério dos Direitos Humanos. O MP-SP afirmou que o promotor de Justiça responsável pelo caso está em viagem internacional e só retornará ao Brasil na semana que vem. O Ministério dos Direitos Humanos e o Provita de São Paulo ainda não deram retorno. As versões dos dois órgãos serão publicadas assim que houver manifestação.
VINGANÇA E TIROS
Orlando Mota Júnior, o Macarrão, foi considerado por décadas como importante líder do PCC, responsável inclusive pela criação da célula "sintonia dos gravatas", o braço jurídico do grupo criminoso. Em meados de 2009, ele se desentendeu com a liderança da organização. Macarrão fez delações contra a facção. O PCC não conseguiu matá-lo na prisão. Como vingança matou a mulher dele, Maria Jucineia da Silva, 41. Ela não delatou ninguém e foi assassinada a tiros na frente da filha, uma criança, em São José dos Campos (SP). O piloto de helicóptero Felipe Ramos de Moraes, 36, fez várias delações contra o PCC e era apontado como um dos maiores inimigos do grupo criminoso. Ele trabalhava transportando cocaína para um grande narcotraficante da facção. O traficante internacional de drogas foi morto em fevereiro de 2018, durante uma guerra interna do PCC. Felipe acabou preso, mas a Justiça o soltou tempos depois justamente por causa das delações. Ele andava sem proteção policial e morreu no mês passado em suposto tiroteio com PMs em Goiás. José Márcio Felício, 60, o Geleião, um dos fundadores do PCC, também fez delações contra a facção que ajudou a criar. Para evitar o assassinato dele, a SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) o isolou em uma unidade destinada a estupradores. Geleião ficou atrás das grades durante 41 anos ininterruptos. Foi preso em 1979. Ele não recebeu nenhum benefício por conta das delações. Morreu por complicações da covid-19 em 10 de maio de 2021, no Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário, na zona norte de São Paulo.
Reportagem: Josmar Jozino/Uol/ Franciolli Luciano Jornalista filiado a asseji e abraji registro profissional MTB Nº 0003901
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